Guias espirituais | As plantas sagradas

Desde os tempos primitivos, o homem descobriu que certas plantas tinham o poder de transportá-lo para outros “mundos”. Essas plantas sagradas, ou “plantas dos deuses”, foram consideradas conectores para o mundo espiritual, funcionando como mediadores entre os humanos e as divindades. Os xamãs de diversas culturas acreditam que as plantas podem se comunicar e, por meio delas, eles acessam estados alterados de consciência para interagir com dimensões e entidades sobrenaturais, a fim de provocar mudanças no mundo físico. Para os aborígenes, a cura e a doença estão ligadas a forças espirituais, tornando os “remédios” que conectam o homem ao mundo espiritual mais valorizados do que os puramente físicos.

Em contraste com o uso tradicional, que considera um sacrilégio usar essas plantas para fins frívolos, a sociedade moderna frequentemente as utiliza como entretenimento ou fuga. O acesso a esses estados de consciência, induzidos por substâncias psicoativas, foi denominado “holotrópico” ou “holorênico”, sugerindo a tentativa do ser humano de se integrar com a totalidade do universo.

O reino dos fungos e outras plantas enteogênicas

Pesquisas indicam que os cogumelos foram as primeiras plantas alucinógenas a serem descobertas, com seu uso datando da pré-história. O Amanita Muscaria e os cogumelos psilocibina foram centrais em rituais religiosos antigos, como no Egito e na América pré-colombiana, onde eram chamados de “carne dos deuses”. A xamã mazateca Maria Sabina afirmava que sua sabedoria e habilidades de cura vinham diretamente dos cogumelos.

O botânico Terrence McKenna sugere que o cogumelo é uma forma de vida alienígena na Terra, com esporos capazes de sobreviver no espaço e viajar entre planetas. O micologista Paul Stamets vai além, afirmando que o reino dos fungos pode ser uma espécie senciente, mais evoluída que o Homo sapiens.

Além dos cogumelos, outras plantas sagradas, como a ayahuasca e o peyote, são amplamente usadas por povos indígenas para cura, profecia e rituais. A ayahuasca, em particular, é vista como um meio de conectar o indivíduo com seu “deus interior” e seu verdadeiro eu, promovendo a cura espiritual. Estudos científicos demonstraram que essas plantas podem ter efeitos positivos no tratamento de vícios, depressão, dor de cabeça e ansiedade existencial em pacientes terminais.

O caminho para a consciência unificada

A experiência de outro mundo induzida por essas plantas sugere a existência de um plano espiritual além do mundo material. Elas manipulam quimicamente o cérebro para que ele receba informações sensoriais normalmente inacessíveis, transportando os humanos para dimensões alternativas. Essa visão se alinha com evidências de experiências de quase-morte, que sugerem a continuidade da consciência além do corpo físico e a existência de um reino transcendente que permeia o universo físico.

As plantas sagradas, quando usadas de forma adequada, são ferramentas valiosas para a humanidade. Elas oferecem uma nova perspectiva da realidade, levando à consciência da unidade de toda a criação. Elas abrem a mente para a compreensão de que todas as formas de vida, a natureza e até mesmo as formações geológicas possuem uma “alma” e uma inteligência criativa. O conhecimento ancestral dos xamãs, que testaram essas plantas por gerações, oferece um mapa para a humanidade explorar essa imensa e inexplorada riqueza farmacológica e espiritual.

Leitura:

-Richard Evans Schultes (1976). Hallucinogenic plants. A golden guide.

-Richard Evans Schultes, Albert Hofmann and Christian Rätsch (1992). Plants of the gods. Their sacred, healing and hallucinogenic powers.

-Llamazares. A. et al. (2004). Main sacred plants in south america.

-Winkelman, M. J. (2014). Therapeutic applications of ayahuasca and other sacred medicines.

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