O materialismo assume que a consciência é derivada da matéria, porém a consciência é necessária para que a matéria exista em primeiro lugar, ou seja, ela é fundamental. Na visão de mundo da nossa cultura, a realidade é externa às mentes, então todos nós podemos olhar para a mesma realidade de perspectivas diferentes, porém não existe um mundo externo e objetivo lá fora a parte da mente, mas a realidade é em última análise, apenas uma experiência consciente.

Não existem coisas como estruturas objetivas em uma realidade externa à mente; em vez disso, está tudo na mente e assim a mente não está no cérebro, mas é o cérebro que está na mente. A função do cérebro é localizar a consciência, fixando-a em uma posição e perspectiva espaço-temporal do corpo físico e ao fazer isso, o cérebro modula a percepção consciente e isso significa que nenhuma experiência subjetiva é criada pelo cérebro, mas meramente selecionada por ele.

As psiques pessoais são meramente localizações ou alterações da mente em geral, então, no fundo, as nossas psiques são fundamentalmente uma e a mesma mente. O seu corpo é simplesmente a imagem de um estado particular de consciência que você experimenta quando está vivo. A consciência é o que cria o corpo através da imaginação, de projeções do seu Eu verdadeiro. Quando muitas mentes contribuem para um sonho coletivo, as imagens que estão sendo sonhadas adquirem um tipo especial de “impulso” associado ao seu compartilhamento entre mentes e elas parecem ganhar vida própria, independente de qualquer mente individual. Esse impulso impede que descontinuidades repentinas surjam no enredo sonhado e isso pode realmente explicar por que o “sopro” de coisas para dentro e para fora da existência só acontece no nível quântico e não no nível macroscópico.

Leitura:
-Bernado Kastrup (2012). A paradigm-breaking hypothesis for solving the mind-body problem. Paranthropology.
-Bernardo Kastrup (2017). There is an unconsciousness, but it may well be conscious. Europe’s Journal of Psychology.
-Bernardo Kastrup (2019). Analytic idealism: a consciousness-only ontology.