O Absoluto é a realidade primordial, um estado de vazio e plenitude simultânea. Sem forma e não-vibratório, ele se manifesta como a criação através da vibração. Essa vibração primordial é o som que deu origem ao universo, ecoando o conceito de um som criador presente em diversas tradições antigas. Essencialmente, a consciência existe em duas formas: a não-vibratória (o Absoluto, em estado potencial) e a vibratória (a matéria, em estado manifesto). Ambas são faces da mesma realidade primordial, e se a vibração cessasse, toda a matéria retornaria ao seu estado de potencialidade.

O processo de criação começa com a individualização do Criador, a consciência primordial, que delimita um oovoide de luz para projetar seu universo. A interação de polaridades positiva e negativa cria uma tensão que resulta em um som estrondoso, o primeiro som da criação. O universo assume a forma de um toro, com um centro atuando como ponto focal, representado pelos buracos branco e negro. Este ciclo de “explosão contínua” difere da teoria do Big Bang, propondo que a matéria emerge do buraco branco, se condensa em estrelas e galáxias e, eventualmente, é puxada de volta para o buraco negro, transformando-se novamente em energia e ressurgindo como um novo universo. O tempo, neste contexto, é uma medida da evolução da matéria.
A Estrutura da Criação: Símbolos, Geometria e Frequências
O universo é estruturado em uma espiral ascendente de sete anéis, contendo 49 universos, cada um sendo o corpo de um Criador. Acima dessa espiral, reside o Aleph, uma estrutura luminosa que representa o som primordial “Ah”. O Aleph se projeta em três aspectos (amor, vontade e criação), formando um tetraedro, a estrutura tridimensional mais básica e estável. A interação dessas energias cria padrões de interferência que se manifestam como as 22 letras do alfabeto hebraico, vistas não apenas como símbolos, mas como agentes da criação. Na Cabala, essas letras também representam números, que simbolizam taxas de vibração que dão forma à matéria. A lei fundamental do universo é o amor, e a ordem correta desses padrões é essencial para a criação, enquanto a desordem leva à destruição.
A criação é organizada em uma geometria modular, com cosmos se agrupando como ovos, refletindo a estrutura celular. A constante de estrutura fina da física (1/137) é vista como uma fração do universo, determinando a forma de toda a matéria. A evolução é um processo contínuo e necessário, impulsionado pelo Aleph. Esse processo é comparado à replicação do DNA, onde a espiral cósmica se divide para criar “duplos”, permitindo a contínua expansão da estrutura.

A Evolução da Consciência: Do Individual ao Absoluto
A evolução da consciência é vista como uma jornada de volta ao Absoluto, onde o ser humano é composto por duas consciências: uma rudimentar do corpo e uma superior, a alma. O cientista Itzhak Bentov sugere que o universo é um grande holograma, onde cada parte contém informações sobre o todo. No ser humano, esse conhecimento existe em estado latente e o objetivo da evolução espiritual é desdobrá-lo. A percepção da realidade é subjetiva e depende do nosso nível de consciência. Nossa realidade atual é a criação manifesta, um holograma de sons e vibrações que contém tudo o que existe e é a base da lei do karma.
A jornada de volta ao Absoluto começa quando o Eu Supremo, que reside no vazio, se disfarça com um “manto de ego” e desce à realidade física, esquecendo-se de sua verdadeira identidade. No entanto, ele envia estímulos para que o indivíduo se lembre de sua origem, manifestando-se como um sentimento de insatisfação. Essa sensação impulsiona uma busca que culmina na autorrealização, quando a pessoa remove o último manto do ego e percebe que o Eu Supremo é ela mesma. A existência é um processo contínuo de “tornar-se”, e o propósito da vida é que a consciência individual reconheça sua verdadeira natureza e retorne ao Absoluto, a morada do Eu Supremo.
Leitura:
-Ruth Phelps (1984). The universe of numbers.
-Itzhak Bentov (2000). A Brief Tour of Higher Consciousness: A Cosmic Book on the Mechanics of Creation.
– Shirley Lawrence (2001). Secret Science of Numerology: The Hidden Meaning of Numbers and Letters.