A genialidade não se resume a um QI elevado, mas é uma combinação de originalidade, intuição e capacidade de canalizar a criatividade. O gênio, na visão do filósofo Arthur Schopenhauer, é aquele que consegue transcender os próprios interesses e o ego para enxergar a essência da realidade. A mente do gênio não cria ideias, mas age como um canal por onde a sabedoria e a criatividade fluem de uma fonte maior, o campo da consciência universal. Enquanto a maioria das pessoas vive bloqueada por crenças limitantes, o gênio tem a habilidade de silenciar o ego e acessar sua essência mais profunda.
A Consciência como a Única Realidade
O filósofo Bernardo Kastrup propõe que a consciência é a única realidade fundamental, e que o universo físico é uma manifestação dela. Nessa visão, o cérebro não gera consciência, mas atua como um filtro ou “redutor”, localizando a vasta consciência universal para criar a experiência individual. A mente de um gênio seria, então, um cérebro com um filtro mais “permeável”, permitindo o acesso a informações e insights que pertencem à vasta mente universal, e não apenas à memória pessoal. O psiquiatra Stanislav Grof corrobora essa ideia, descrevendo o nível transpessoal da mente como o lugar onde a consciência individual se expande para além dos limites do corpo, conectando-se ao cosmos e à consciência universal.

A Fisiologia da Criatividade
Os neurocientistas Roger Penrose e Stuart Hameroff sugerem que o cérebro acessa a consciência em um nível quântico. Eles propõem que a genialidade pode ser a capacidade de um cérebro de manter a coerência quântica por mais tempo, permitindo que a mente decodifique o campo vasto e interconectado de informação do universo. Experiências com estados alterados de consciência, como relatadas por cientistas e artistas, são vistas como portais que permitem à mente transcender o ego e a percepção normal. O neuropsicólogo Jacobo Grinberg chamou esse estado de “não-eu”, onde a pessoa experimenta uma unidade com toda a existência, e o cérebro se torna um transdutor eficiente, acessando informações que seriam impossíveis em um estado normal.
Inspiração e Manifestação
O campo da consciência universal contém a totalidade de todas as ideias e possibilidades. A intuição e as sincronicidades não são sobrenaturais, mas momentos em que a consciência individual interage com essa base fundamental. A genialidade é a capacidade de entender as leis desse campo de potencialidade e traduzir esses insights em formas coerentes e funcionais, seja em uma teoria científica, uma obra de arte ou uma invenção. A crise espiritual de muitos gênios, como a de Nikola Tesla durante a invenção do motor de indução, pode ser vista como a quebra das barreiras da mente racional, abrindo um portal para as camadas mais profundas e criativas da consciência.

O gênio não busca a inspiração, ele a “se torna”. Isso acontece ao silenciar o ego e entrar no vazio, um estado de quietude e não-pensamento. Essa entrega leva a um estado de “ação sem esforço” (Wu Wei), onde o tempo e a autoconsciência se dissolvem, e a criação flui através do indivíduo. No entanto, a revelação não é completa sem a disciplina de materializar a ideia. A genialidade é o trabalho árduo e a paciência para transformar a visão em uma obra que outros possam experimentar.
O Caminho para a Genialidade
A genialidade é a arte de se conectar com a fonte da criação. O primeiro passo é silenciar o ego por meio de práticas como a meditação. Em seguida, é preciso focar a mente em uma intenção específica, como um laser, sintonizando a frequência da resposta desejada. Por fim, a amplificação dessa intenção com emoções elevadas, como a gratidão e o amor, atua como um “supercarregador” que potencializa a conexão com o campo da potencialidade.
Como disse Nikola Tesla: “Meu cérebro é apenas um receptor; no Universo, existe um núcleo de onde obtemos conhecimento, força e inspiração. Não penetrei nos segredos desse núcleo, mas sei que ele existe.“
Leitura:
-Henry Corbin (1964). Mundus imaginalis.
-Jacobo Grinberg (1979). El cerebro consciente.
-Stanislav Grof (1987). The adventure of self-discovery: dimensions of consciousness and new perspectives.
-Roger Penrose (1996). Shadows of the mind.
-Bernardo Kastrup (2014). Why materialism is baloney.