O universo é um todo integrado, onde a informação é o princípio fundamental que conecta tudo, sendo ainda mais essencial do que a matéria e a energia. O físico John Wheeler propôs que a existência de qualquer objeto físico deriva de informações discretas, respostas de “sim ou não” a escolhas quânticas, ou bits. Essa ideia sugere que o universo é feito de informação, uma rede dinâmica de dados que possibilita os processos inteligentes da natureza.

O físico David Bohm expandiu essa visão, afirmando que uma consciência universal age como uma força criativa, influenciando a complexidade do universo. Essa “ordem implícita” funciona como um campo quântico que armazena informações de forma holográfica — ou seja, cada parte codifica o todo. Esse campo, também chamado de energia de ponto zero, interage com toda a matéria, integrando conhecimento e mantendo uma relação bidirecional com tudo o que existe. As partículas elementares armazenam informações básicas por meio de projeção holográfica, e a comunicação instantânea entre elas, conhecida como emaranhamento, possibilita uma rede de informações em escala cósmica.
O universo como um sistema auto-sintetizado
O universo pode ser visto como um sistema de informação auto-sintetizado, que se cria e se mantém por conta própria. Para isso, ele precisa de hardware (matéria) e software (instruções de montagem). A luz atua como um sistema de mensagens local, conectando as partes distantes do universo, enquanto o emaranhamento quântico permite uma comunicação supercausal (não local) e instantânea, informando o todo sobre as mudanças induzidas em suas partes. Essa estrutura holográfica permite que a informação penetre em todas as partes do universo.
A participação humana e a causalidade reversa
Uma das ideias mais surpreendentes dessa visão é que o universo é participativo, requerendo seres humanos ou outras formas de inteligência para a sua evolução. Nossa existência parece ter animado uma espécie de causalidade reversa, onde nossa observação e as nossas escolhas no presente influenciam não apenas o futuro, mas também o passado. O famoso experimento da fenda dupla demonstra que a simples observação de uma partícula muda o seu comportamento, e que essa observação pode até mesmo ter efeitos retroativos no tempo.
Nesse sentido, o universo é um enorme ciclo de feedback no qual nós somos cocriadores. A escolha futura de observadores conscientes pode colapsar as funções de onda primordiais, fixando constantes naturais que permitiriam a evolução da vida. Isso explica por que o universo é incrivelmente ajustado para a vida: ele precisa de seres conscientes para se observar e refletir sobre si mesmo, e talvez, para criar uma próxima versão de sua estrutura.

Múltiplas dimensões e a natureza do cérebro humano
Essa visão do universo como um sistema de informação sugere que ele deve ser composto de mais de quatro dimensões para permitir uma troca contínua de informações. A existência de dimensões extras oferece um ambiente mais rico para a tomada de decisões, beneficiando a complexidade e a matriz de informações do universo.
O cérebro humano, apesar de seu tamanho, é um órgão que permite a articulação de realidades microscópicas e astronômicas. Ele armazena e gerencia informações não como uma máquina digital, mas interpreta as frequências de um campo de informação fundamental além do espaço e do tempo. Por meio da nossa percepção e imaginação, estamos “copresentes” em todos os pontos do universo que observamos. O conhecimento não existe fora do nosso esforço.
Essa compreensão de que somos cocriadores da realidade nos motiva a assumir a nossa responsabilidade pessoal. Ao nos tornarmos participantes ativos, podemos realmente tornar nosso mundo e o universo um lugar melhor, e, em última análise, compreender nossa própria posição nesse grande projeto. O universo é um fluxo dinâmico de informações, e o Big Bang pode ser visto como a transferência de informações de uma versão anterior do nosso universo.
Leitura:
-Jacobo Grinberg-Zylberbaum (1978). El despertar de la consciencia.
-Mitchell E. & Staretz R. (2011): The quantum hologram and the nature of consciousness. Journal of Cosmology, 14(1): 1-9.
-Meijer, D. K. (2014). The universe as a cyclic organized information system: John Wheeler’s world revised. NeuroQuantology.
-Di Biase, F. (2023). From quantum universe to holographic brain: the spiritual nature of mankind. Journal of consciouness exploration & research.
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